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FAÇA AMIGOS. NÃO FAÇA BULLYING!



“Cada vez que tinha de encarar um Delta, horizontalmente e não de cima para baixo, sentia-se humilhado. Aquela criatura o trataria com o respeito devido à sua casta?

Essa pergunta o atormentava. E não sem razão. Porque os Gamas, os Deltas e os Epsilons haviam sido, até certo ponto, condicionados de forma a associarem a massa corporal com a superioridade social. Na verdade, um leve preconceito hipnopédico em favor da estatura era universal. Daí o riso das mulheres a quem ele fazia propostas, as peças que lhe pregavam os homens de sua classe. A zombaria fazia com que se sentisse um pária e, sentindo-se um pária, portava-se como tal, o que fortalecia a prevenção contra ele e intensificava o desprezo e a hostilidade que seus defeitos físicos despertavam. Isso, por sua vez, aumentava nele o sentimento de exclusão e solidão. Um temor crônico de ser desdenhado fazia-o evitar seus pares, fazia-o ostentar diante de seus inferiores uma atitude de arrogância e de sentimento exacerbado do eu.” (ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, Aldous Huxley)

No livro de Aldus Huxley, Bernard Marx era um Alpha de estatura menor do que a esperada para os demais de sua casta. Numa sociedade condicionada a respeitar determinado fenótipo, as humilhações sofridas por ele afetavam sua visão sobre si mesmo e sua capacidade de autodeterminar-se. O medo da rejeição o levava a exclusão, solidão e raiva. Consequentemente, esse mau sentimento era passado através de atitudes arrogantes para com aqueles a quem considerava seus inferiores.

A Constituição Federal de 1988, traz em seu Título II, os Direitos e Garantias Fundamentais. Tais direitos são considerados indispensáveis ao ser humano e lhes asseguram a dignidade, a liberdade e a igualdade. Não apenas os aspectos materiais da vida devem ser preservados. Os atributos afetivos, sociais e morais também precisam ser respeitados como a honra e a autoestima.

Trazendo para o âmbito escolar, a criança ou adolescente que cresce ouvindo chacotas e humilhações pode acabar por internalizar sentimentos negativos a respeito de si próprio, desenvolver baixa autoestima e crescer com um estigma de que não se adequa ao meio social.

Crianças e adolescentes estão em processo de formação, sendo influenciadas, é influenciado o meio no qual vivem.

São característica desenvolvidas pela vítima um comportamento social inibido, inerte ou submisso, depressivo com autoestima cada vez mais baixa e sentimento de vulnerabilidade, medo e vergonha. As personalidades tímidas e introvertidas demais podem se agravar gerando inclusive psicopatologias.

Sendo, o desenvolvimento da autoestima, determinante para que a criança e o adolescente se tornem capazes de interagir e estabelecer sua identidade e pertencimento na sua tribo ou grupo social, uma vez excluído desse processo de socialização e pertencimento, o modelo relacional será baseado na insegurança e falta de confiança, trazendo prejuízos a um desenvolvimento emocional da criança que precisa sentir que é importante e aceita, sendo validada pelas figuras de afeto que a cercam, propiciando maiores chances de se tornar um adulto apto a relações saudáveis.

A vítima passa a sentir-se tão impotente diante das constantes agressões e passa a se sentir imprestável, inútil, questionando sua importância no meio em que convive. Pode chegar a um estágio de auto depreciação tão grande que pode levá-la a tirar a própria vida, a consequência mais trágica diante de um nível de depressão profunda com problemas psíquicos agravados. O termo para esse tipo de morte é bullycídio, fusão da palavra bullying com suicídio. (GOMES; MACEDO, 2018)

Os efeitos do bullying afetam a dignidade de uma pessoa, são danos que ocasionam desconforto, consternação, um sentimento de medo e rejeição que impede o agredido de prosperar nas relações sociais e interpessoais. As agressões sofridas ao longo da vida escolar, em idade de formação de caráter e personalidade, acarretam danos psicológicos que irão refletir no adulto que essa pessoa será na sociedade.

Um ambiente de acolhimento é um terreno fértil para o desenvolvimento social saudável. Poder ser livre, ser quem se é de verdade em um espaço onde todos são bem vindos sem preconceito como são é o que devemos cultivar para ter no presente e no futuro seres humanos de mentes saudáveis e laços bem construídos.

FAÇA AMIGOS. NÃO FAÇA BULLYING!

7 de Abril. Dia Nacional de Combate ao Bullying,

GOMES, Luiz Flávio; MACEDO, Natália . Bullycídio: mais grave do que você imagina! 09 set. 2011. Disponível em: <https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924728/bullycidio-mais-grave-do-que-voce-imagina>. Acesso em: 01 maio 2018.

Huxley, Aldous – Admirável Mundo Novo. – São Paulo: Abril Cultural, 1982.

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