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PRECISAMOS FALAR SOBRE A MASCULINIDADE TÓXICA



A segunda temporada da série “13 Reasons Why” traz as consequências da morte de Hannah e a difícil jornada das personagens rumo à recuperação. Um dos muitos recortes que podem ser feitos é sobre os conflitos na adolescência com os padrões e papeis da masculinidade hegemônica.

Esses conflitos emergem quando os adolescentes são convocados, principalmente perante o seu grupo social, a tomarem atitudes que provem a sua masculinidade em detrimento do que realmente querem fazer, pois esses comportamentos almejados denotam uma suposta fraqueza, infantilidade e uma feminilidade não condizente com o papel social do homem. Afetam profundamente a relação com o corpo, com os sentimentos, a busca de relações afetivas de amizades ou relacionamentos amorosos e o contato e o diálogo com os pais já que, por vezes, querem preservá-los da vergonha, temem o julgamento destes ou simplesmente acreditam que é complicado discutir certos temas que são considerados tabus para o homem que tem a todo momento que provar que é homem, configurando uma masculinidade tóxica que limita suas formas de expressão.

Comportamentos agressivos e o uso abusivo de drogas, muitas vezes, acompanham a difícil tarefa de lidar com a preservação de uma identidade masculina em iminente ruína.

Diante disso, os adolescentes acreditam que precisam demonstrar conhecer o “mundo adulto”, não podendo apresentar-se para o grupo no qual estão inseridos sem saber "como as coisas funcionam". Essa atitude dificulta a abertura destes para o diálogo porque, a todo momento, alguém pode destituí-lo da sua masculinidade, portanto, qualquer exposição, mesmo que seja uma dúvida, torna-se catastrófica e, com isso, vem a pressão e a crença de ter que lidar com o mundo sozinho já que “eles não vão entender”, “isso só aconteceu comigo”, o que agrava mais a situação de isolamento em torno dos problemas, afastando-os, cada vez mais, dos pais e da sua rede de apoio.

Dessa forma, os adolescentes são estimulados a resolverem os seus conflitos com violência, manipulação por meio de uma razão que disfarça monólogo de diálogo e sem demonstração de emoções, o que ocasiona, ao longo da série, vários conflitos e dinâmicas de intenso sofrimento não só para quem recebe a violência, mas para quem pratica e o grupo com um todo.


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