O que falar sobre a violência contra a mulher? São inúmeros os registros de violências que se torna difícil saber por onde começar. Diferente da violência doméstica existe outros tipos de violência no qual é importante enfatizarmos, que é a violência “invisível”. Ou seja, não é preciso ser agredida fisicamente ou verbalmente para estar em uma relação de convivência abusiva, determinadas palavras e atitudes de um agressor podem ferir também a autoestima da mulher. A violência psicológica é também uma grave violação dos direitos humanos das mulheres, que produz reflexos diretos na sua saúde mental e física. Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a forma mais presente de agressão intrafamiliar à mulher.
As agressões psicológicas também denunciam uma desigualdade na relação que pode evoluir para violência física ou sexual ou homicídios. Quando se fala em violência psicológica podemos dizer que é uma forma subjetiva de agressão contra a mulher e nem sempre é fácil identificá-la, até mesmo a própria pessoa na qual é exposta á situação, pois algumas mulheres na tentativa de salvar um relacionamento frustrado e não se sentirem tão sós em sua própria companhia acabam se submetendo a essa relação abusiva e desconfortável. Sempre buscando justificativas e explicações para aquele comportamento de seu parceiro, quando o mesmo pede para que troque de roupa, que mude a cor do batom,que proíbe sair com as amigas ou amigos ou até mesmo age de forma ofensiva expondo a mulher frente ao público, com termos de humilhação e entre outras condutas.
A Psicologia forense explica que a avaliação psicológica ou perícia psíquica pode e deve ser utilizada como instrumento para mensurar os danos causados à saúde da vítima, especialmente para efeito de provas judiciais. “A avaliação desse dano psíquico poderia servir tanto de prova de que aquilo aconteceu, como para mostrar a gravidade do que a vítima pode estar sentindo. Para que ela possa, por exemplo, receber o ressarcimento, tanto na esfera cível quanto criminal” (Rovinski, 2004).
Onde vemos o amor nessas circunstâncias? Vemos o desrespeito, e onde existe desrespeito não existe o amor. Amor é o que nós como mulheres devemos sentir por nós mesmas em primeiro lugar e entender qual o nosso papel na sociedade. O amor próprio é algo tão essencial, pois é a partir dele que entendemos que o cuidado, a preocupação não vem a base de gritos, controles, ofensas e humilhações.
Nas relações com os parceiros as “amostras” da violência psicológica contra a mulher, muitas vezes, são desapercebidas pela vítima, pois podem surgir dissolvidas por estarem associadas a afetividade. Segundo Cunha (2007) isso acontece porque:
A mulher vítima que ama o companheiro quase sempre não o identifica como uma pessoa capaz de arquitetar ou praticar atos violentos que possam prejudicá-la. Para ela, é difícil acreditar que o seu parceiro a faz sofrer deliberadamente, fazendo-a sentir o sabor do poder que ele detém. (p.105)
Quando conseguimos compreender a dimensão e a realidade dos fatos, aprendemos a não mais aceitar palavras, condutas e comportamentos que não só nos ferem, mais também a nossa autoestima e o principal que é o nosso amor próprio. Que tomemos consciência do mal que isto pode nos causar e compreender que a violência psicológica não deixa marcas “visíveis”, mas a nível emocional e psicológico podem deixar sérias “cicatrizes”.
Sinais sutis de violência emocional/psicológica:
Frequentemente é humilhada em frente de outras pessoas;
Constantemente você é criticadas por suas ações ou acusada de “não fazer nada bem feito”;
Direciona a você piadas inapropriadas e até ofensivas;
Todos os seus comportamentos são controlados pelo parceiro;
Frequentemente os seus sentimentos são diminuídos e ainda é “acusada” por ser sensível;
O olhar do parceiro para você é sempre controlador e reprovador, fazendo com que se sinta desconfortável;
Não uma relação de troca afetiva ou até mesmo recusarem-lhe ter sexo para lhe punir;
As suas ambições e sonhos não considerados pelo parceiro;
Toda a sua vida privada é exposta sem o seu consentimento causando-lhe constrangimentos;
É “acusada” ou levada a acreditar que não pode tomar decisões da sua própria vida sozinha;
Seu parceiro lhe acusa pelos problemas dele;
Verbaliza ou demonstram que você não é pessoa suficientemente à altura da relação e que “ainda bem” você tem ele na sua vida;
Seu companheiro está sempre certo e você errada;
O seu companheiro controla toda sua vida financeira;
Monitoramento de todos os seus passos, onde e com quem está;
Seu parceiro exige provas de “amor” que dolorosas afetivamente pra você.
*Referências Bibliográficas
Cunha, T. R. A. (2007). O Preço do Silêncio: mulheres ricas também sofrem violência. Vitória da Conquista: Edições UESB.
Rovinski, S. L. R. (2004). Dano psíquico em mulheres vítimas de violência. Rio de Janeiro: Lúmen.